É o auge de uma semana corrida. E o preparo físico para os jogos não foi adquirido em modernos centros de treinamento. Alguns já se aventuraram como jogadores profissionais por ai, mas na ponta do lápis o salário oferecido no comercio, mais a ajuda de custo da "varzea" ou o "poderoso amador", pesam mais. Muitos só largam tudo isso se a proposta for muito boa”.
De histórias assim, singelas, mas recheadas de sentimento, apego à tradição e força de vontade, se construiu o mais forte campeonato de futebol amador da região. Somando as principais competições de Feveiro a Novembro, há mais de 8 anos, a Liga Santiaguense une comunidades de diferentes bairros e cidades vizinhas com inicio em torno de campos esburacados e hoje com uma das melhores estruturas ja visto na varzea. É muita diferença técnica.
Talvez os organizadores tivessem razão. A Liga, disputada oficialmente desde 2002, cresceu até virar uma competição semiprofissional. Na divisão principal, composta por 12 equipes, muitos recebem para jogar. Não há salário, mas ajuda de custo por partida: de R$ 30 a R$ 150 reais. Os melhores ganham as chamadas “luvas”, bônus para firmar compromisso pela temporada inteira que chegam a R$ 1500, 2000 mil. Nada de registro, tudo em dinheiro vivo.
Disputar as competições da Liga exige sacrifício. Além das despesas com jogadores, gasta-se com transporte, taxas, um ou outro funcionário e alimentação — os treinos (quase sempre nas noites) e os jogos são tradicionalmente sucedidos de lanche ou churrasco para os boleiros, regado a cerveja. Só a arbitragem é custeada pela instituição.
Já o dinheiro que entra é pouco. Uns trocados pela publicidade no uniforme e em banners expostos. Cobrar ingresso para os jogos é proibido, mas alguns pedem “colaboração”. Rifas, pequenos eventos e o movimento dos bares também ajudam. Do bolso dos diretores e simpatizantes sai o restante do orçamento, valores que dificilmente serão divulgados isso no caso dos principais clubes.
A diferença..
Para os mais puristas, o dinheiro tirou parte da essência da Liga. Os boleiros hoje rodam pelos clubes numa constância semelhante à do mundo profissional, tentados pelas melhores ofertas. Antes os jogadores eram do próprio bairro e ficavam anos no mesmo clube. Agora não há mais identidade e isso afastou aquela velha guarda de torcedores.
É nada mais que a lógica natural do mercado incidindo sobre um evento popular. Não há estatística confiável, mas o público médio nas finais destas competições gira em torno de 300 pessoas por jogo. Parece pouco, mas é a mesma média de pagantes da ultima participção de Santiago no futsal profissional.
Se existe torcida, surgem os voluntários e o interesse do pequeno comerciante local em se fazer notar, além da cobrança por bons resultados. Há envolvimento maior com a vizinhança, o que favorece a criação de um time, de uma torcida.
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